quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Como era realmente nos tempos de escravidão?



Os europeus tratavam melhor os crioulos do que os brancos brasileiros

Quando se fala na escravidão no Brasil, a primeira coisa que vem a mente são negros sendo chicoteados no tronco, acorrentados nos pés e no pescoso,  mulheres sendo estupradas, onde cada branco era dono de um escravo. Essa é uma visão estereotipada da escravidão, dando a sensação de que todos os brancos eram ricos e todos os negros eram escravos.
Poucas pessoas sabem o que aconteceu realmente na época da escravidão, pois nesse período havia 4 divisões na sociedade brasileira:  O branco brasileiro, branco europeu, crioulos (negros nascido no Brasil) e os africanos.
O branco brasileiro não mandava nada no Brasil, era discriminado e tratado como um cidadão de quinta categoria, pelos brancos europeus. Os estrangeiros que mandavam nesse país, principalmente os ingleses, que consideravam os portugueses como inferiores também. Os crioulos (negros nascidos no Brasil) eram tratados bem melhor comparados aos brancos brasileiros (considerado por eles, um lixo genético) onde muitos crioulos tinham uma vida melhor do que dos brancos.
Os crioulos eram super bem tratados pelos brancos europeus, porque tinha nascido aqui no Brasil, então teoricamente não tinha mais nenhum vinculo com a África, sendo totalmente abrasileirados, já falando e possuindo o estilo de vida dos portugueses. Para ter uma ideia, os crioulos discriminavam os brancos pobres, pois na época tinha um slogan dos crioulos: “é melhor ser negro escravo de barriga cheia, do que ser um branco miserável!”.
Os crioulos também discriminavam os africanos, que eram tratados como animais, esses sim eram chicoteados, acorrentados e sofria todo tipo de maus tratos, porque a maioria deles eram assassinos, estupradores, ladrões, etc, pois no continente africano não existia cadeia, então a punição era vender o criminoso como escravo, para ficar livre dele.
Engraçado que nesse período não se falava quase nos índios, para os europeus eles não tinham quase importância como escravo, o negócio com os indígenas era somente comercial para ter ouro e diamante. Não havia “graça” ter um índio como escravo, o “chique” era ter um escravo crioulo (onde muitos sabiam ler e escrever) e os africanos eram tratados como inferiores junto aos brancos brasileiros.
Para ter uma ideia, no período da escravidão escravos eram proprietários de escravos, que podia ganhar dinheiro na custa do outro. Um bom exemplo, um escravo economizou um dinheiro e comprou uma criança negra (mesmo ele sendo escravo, era proprietário da criança, e não do seu senhor, era lei da época) então ele ensinava desde  cedo o serviço como trabalhar na roça, sapateiro (profissões da época) e quando se tornasse adulto, o escravo “mestre”  dava para o seu senhor, em troca de ser alforriado.
Ou seja, o escravo comprava a criança, ensinava o serviço para ele, e depois fazia a troca pela sua liberdade. No período da escravidão, era normal escravos terem escravos, pior de tudo havia discriminação entre eles, muitos eram amigos dos brancos europeus do que dos próprios escravos.  Também é relatado que na época era muito fácil de ser alforriado, se o escravo economizasse dinheiro, poderia comprar a sua liberdade bem na hora, que queria.  
É difícil de acreditar que os brancos europeus tinham mais afinidades com os crioulos, do que os brancos brasileiros e africanos, que eram considerados como lixos para eles. Já tive oportunidade de conversar com descendentes diretos de escravos, e muitos já confirmaram essa história, muitos tinham até um grande amor pelos seus senhores, uma história totalmente diferente contado nos livros de história.

Jornalista Márcio de Andrade é pós graduado em História da África e do Negro do Brasil
Trabalho sobre o feminismo